terça-feira, 31 de agosto de 2010

O underground gastronômico de Buenos Aires pt. 3 - El Cunqueiro


Tudo começou quando decidir a uma casa de milonga em Buenos Aires. Como já iria no La Catedral, resolvi abrir mão dos modernosos restaurantes de Palermo e me aventurar na região da casa de milonga. Chegando lá, logo na esquina havia uma pizzaria e um restaurante bem vagabundo na outra esquina. Obviamente que fui no vagabundão mesmo.



Ao sentar, descobri o nome do restaurante no prato: El Cunqueiro. Nem imagino o que isso deva significar, pero, sentei e resolvi avaliar o cardápio. Tal qual o restaurante da noite anterior, o garçon serviu uns pães e manteiga.



Mesmo com a minha já tradicional fama de bundão, fui direto para as indicações da casa. Procurei algo que não conhecia para poder perguntar aos garçon. Eis que uma palavra muito carinhosa me chama a atenção: conejo. Chamei o mètri e perguntei o que era. Ele, muito sucintamente respondeu que era uma carne. Me limitai a questionar a cor da carne: roja? E ele acenou positivamente. Na hora, imaginei que 'conejo' poderia ser um corte específico de alguma parte do boi, ou da vaca.



Quando veio o prato, chamei o garçon e o indaguei sobre nossa primeira conversa: "Tu não falou que era uma carne vermelha? Tu me traz frango?". Ele, delicadamente, se surpreendeu com minha burra indagação e complementou que se tratava de um animal pequeno, que dava vários pulos. Foi quando meus 2 neurônios acordaram e quem se surpreendeu novamente foi a minha pessoa ao se dar conta de que eu tinha pedido coelho. O que, pra mim, a priori, naquele momento, não tinha nada de negativo.

Se eu comeria novamente? Com certeza! Não sei se era o sabor do molhinho que estava muito bom, se era o sabor do coelho propriamente, só sei que o sabor é inconfundivelmente bom. Parecia que era alcoólico... com cerveja e/ou vinho... Outro ponto que me chamou atenção no prato foi o tamanho das batata: ultré-pequenas, do tamanho de um grão de bico.



Percebam que osso não falta no bichinho que pula... e não restou nem 1 gota de molho pra contar história! Falei que estava bom, oras!



O lugar oferece comida a preços módicos, apesar do garçon ser um pouco lerdo. 100% de nativos 0% de gringos.

Diferente da milonga que de nativos só os garçons e os professores de dança. Mas o La Catedral é muito bonito por dentro e as músicas acompanham a boa qualidade do lugar.



El Cunqueiro
Medrano 501
Buenos Aires - Argentina
Phone: 011.4864.5859

La Catedral
Sarmiento 4006
Buenos Aires - Argentina

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O underground gastronômico de Buenos Aires pt. 2 - El Preferido de Palermo


É, não dá pra ganhar sempre. Definitivamente.

É com esta frase que começo a falar do El Preferido de Palermo. Mas não posso criticar muito, porque o errado sou eu e não o restaurante. Explico. Sou errado em criticar por 2 motivos claros: 1) fui ao restaurante hoje, 30 de Agosto de 2010 e 2) sou pobre. Se tivesse ido ao restaurante há 10 anos ou se fosse rico, estaria 100% satisfeito. Porém, como não posso viajar no tempo e meus recursos são restritos, tenho que me ater ao meu tempo atual e a detalhes pequenos, tal qual o custo/benefício das coisas.

Há ainda um terceiro motivo que me envergonha ainda mais. Me envergonha mais, porque dos 2 primeiros motivos, 100% da população mundial também não podem viajar no tempo e 90% da população mundial tem a mesma quantidade de dinheiro que eu tenho, ou menos. Agora, eu ser um bundão para pedir comida, não sei nem mensurar.

Enfim, cheguei ao restaurante pela indicação da Diga Maria! que tem um site lindo: Diga Maria!. Gostei muito do que li sobre ele na internet e ainda por cima é perto do lugar que estou. Aliás, é a segunda vez que venho para Buenos Aires, é a segunda vez que fico em Palermo e é a segunda vez que recomendo Palermo. Puta bairro bom da porra!

Enfim (de novo), o restaurante é ultré-sem muitas cerimônias. A porta permanece fechada e com um aviso: bata e aguarde. Dai vem um garçon não muito sorridente, pergunta qtas pessoas são e observa se há mesas. Na primeira vez que bati, ele disse que não havia mesa e pediu que eu fosse a outro lugar comer. Fui até a esquima meio triste e resolvi voltar, mesmo porque não levo desaforo para casa. Bati novamente e disse que não tinha pressa. Ele disse para voltar em 30 minutos. Dei uma volta, comprei uma cerveja em um supermercado, bebi e voltei. Bati na porta e entrei.


Na hora veio uma cestinha com pães variados e uma manteiga. A posteriori saberia que custa 5 pesos. Comi um pedaço de cada tipo de pão e toda a manteiga.

Chamei o garçon e perguntei sobre as especialidades. É aqui que entra a parte de ser um bundão. Ele me mostrou 2 pratos dos quais, além de não entender nada do que ele falava, as imagens não ajudavam muito. Além do que, só entendi que um dele tinha morcilla e eu não tenho culhão para morcilla. Pedi para ele me indicar uma carne, e fui no que ele indicou.

A carne aqui não é muito melhor do que as que comemos nos restaurantes argentinos em São Paulo. As batatas, sempre são melhores do que as que comemos no Brasil. Os ovos também são, mas ovo e batata é ovo e batata. Aqui e em Plutão. Mas as argentinas são melhores. O foda é pagar 65 pesos por isso. Aqui entra a parte de ser pobre. Se 2 pessoas não estivessem famintas, dava para 2 comerem o prato que comi. Tranquilamente. Anda mais se ambas se empanturrarem dos pães da entrada.



Um ponto importante, foi que a carne veio no ponto que pedi: mal passada!



Pude reparar que a gringolândia campeava à largo no lugar. Eis que surge a minha incapacidade de viajar no tempo. Acredito que anos atrás seria impossível encontrar gringos no lugar.

Outro ponto importante é o horário: pelo que entendi, o lugar abre durante o dia também e durante o dia ele funciona como um armazém que vende especiarias. Dai sim, talvez, eu poderia ter sido surpreendido novamente. E isto me leva às 2 deficiências pessoais: não tenho maquina do tempo, pois se tivesse poderia ter voltado para o período e ser pobre, pois se fosse rico, não trabalharia durante o dia só para ir lá!

domingo, 29 de agosto de 2010

O underground gastronômico de Buenos Aires pt. 1 - El Cuartito

As digas gastronômicas de restaurantes de Buenos Aires que vou detalhar podem não ser novidade pra ninguém desde que inventaram a rede mundial de computadores. Porém, o objetivo aqui é apresentar a minha (repito: minha) visão de alguns lugares um pouco mais distantes da gringolândia que vem pra BsAs pra ir na Galeria Pacífico, pagar de rico, e comprar coisas não tão baratas assim, e que depois, se gabam de terem ido no 'Siga La Vaca do cacete' e de comprar 6 alfajores Havana de merda e nem sequer passam um tempinho no Malba. Ia falar do mal Freddo, mas o Freddo é bom pra caramba.

Enfim, a aventura gastronômica começou no 'El Cuartito'. E o que tem de bom nesse quartinho pequeno? O bife de chorizo? O chinchulin? As papas fritas? Negativo: a pizza. Alguns podem me perguntar: "Porra Véio, tu vai pra BsAs pra comer pizza?" Ai, eu surpreendo a todos novamente e respondo: "Não, eu vim pra trabalhar e para trabalhar, preciso comer. Para a minha sorte, pizza alimenta."

Fui no lugar já com a indicação de comer 2 sabores específicos: Faina e Fogazzeta. A Faina é uma pizza meio diferente, já que não tem os recheios que estamos acostumados a comer, e, visualmente, mais parece uma torta que não cresceu do que uma pizza propriamente. Na verdade consiste em uma massa feita de grão de bico que vai em cima da massa da pizza. É demi-seco, mas o que não falta é opção de cervejas para acompanhar e melhorar o esquema.

Ou então faça como eu, peça os 2 pedaços juntos, já que a Fogazzeta é uma pizza feita à base de queijo e cebola. Sem molho de tomate. O combinado de queijos (acredito que deve ter umas 3 variedades, mas nenhum queijo forte) é uma pasta, quase líquida... mas ainda pasta, muito saborosa. E cebola... que eu adoro!




Um ponto importante das pizzas é a massa: percebam que ela não é uma massa batidona, reta, e além de tudo há partes que são crocantes embaixo. Não é ultrè-fina, mas também não é grossa. Arrisco dizer que é o ideal.



Pra ajudar ainda mais, os valores são bem convidativos: os pedaços das pizzas variam de 4 a 8,5 pesos. As pizzas pequenas variam de 20 a 35 pesos e as pizzas grandes variam de 45 a 70 pesos.

Para os que querem variar, há também as empanadas. Experimentei a de carne com cebola picante. A cebola devia estar em falta, porque achava que viria mais e de picante não tem muita coisa não, mas é diferente da empanada apenas de carne.



O ambiente, como vocês podem ver, é bastante peculiar, com quadros de lutas de boxe, retratos de times de futebol, camisetas de futebol assinadas e fotos de artistas. Vale, MUITO, a pena conferir.





El Cuartito
Talcahuano 935, Buenos Aires (fica bem perto da av. 9 de Julho e Av Córdoba)
Tel. +5411 4816-1758

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Sopa de grão de bico, com linguiça, azeite apimentado e mostarda dijon

Vocês sabem que os vídeos sempre têm papel principal nos meus posts. Porém, neste caso, como a receita é muito boa, recomendo que leiam-na antes, e vejam o video depois!

Já repeti esta receita algumas vezes, apenas alterando a quantidade dos azeites, para entender como eles se comportam sob pressão. Minhas percepções estão detalhadas no 'modus operandi' do prato.

Ingredientes
- 1 cebola roxa média picada
- 1 dente de alho picado
- 1 linguiça
- 1/2 caldo de legumes do alex atala
- 1/2 saco de grão de bico
- azeite apimentado
- azeite tradicional
- mostarda dijon

Modo de fazer
Deixe o grão de bico por, pelo menos, umas 2 horas, em processo de hidratação... sob a água.
Refogue a cebola roxa média picada no mix de azeites. A quantidade de cada azeite depende da sua receptividade à pimenta: já fiz essa sopa com 100% de azeite picante e ficou muito boa, mas isso porque sou ultré-receptivo à pimenta, mas acho que um fraco não gostaria muito. Enfim, recomendo pelo menos 50% de azeite picante.
Quando a cebola começar a trocar de cor, coloque a linguiça cortada em pedaços grandes. ISSO É MUITO IMPORTANTE!!!
Quando a linguiça começar a mudar de cor, coloque o grão de bico, o caldo de legumes, o alho e água. Por se tratar de uma sopa, coloca bastante água... e deixe por cerca de 40 minutos.
Abra a panela, depois, obviamente, de tirar a pressão da mesma, com uma escumadeira, retire todos os pedaços de linguiça (entenderam pq é importante deixar pedaços grandes?) e analise o grau de dureza do grão de bico. Se estiver muito duro, deixe mais tempo na pressão, coloca mais água, ou não, e tal... Tudo isso com a linguiça fora da panela, reservada. Repita o processo até que você sinta que o grão de bico está demi-mole, ou, repita este processo O QUANTO BASTE.
Qdo o grão de bico ficar al-dente, pegue um mixer, daqueles que pica tudo, e dá uma picada generalizada dentro da panela, pra triturar os granos de bico demi-moles e formar a pasta, que nesse caso, terá a densidade de uma sopa.
Pique um pouco mais as linguiças que estavam reservadas e retorne-as para a panela. Aqueça um pouco e boa, tá pronto.
Recomendo que cada um coloque a mostarda dijon direto no seu respectivo prato, juntamente com um queijinho ralado que, em sopas, salva vidas!



Como vocês puderam perceber, mesmo tendo repetido diversas vezes a receita, nesta vez, esqueci a maldita panela de pressão no forno e o a sopa queimou. Acho, eu disse acho, que coloquei pouca água também. Só sei que, quando senti o cheiro, os 40 minutos já tinham passados há uns 500 minutos.

Mas como vocês sabem, aqui vai pro ar tudo: certo, errado, bom ou ruim.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Tagliatta de filé com tomatinhos assados da Carla Pernambuco (restaurante Carlota)


Se não me engano essa é a 2a. receita ca chef Carla Perambuco que coloco no MesaPra1. Em alguns pratos ela consegue ornar simplicidade com sabores um tanto quanto não tão comuns, como neste prato, em que ela adiciona açúcar no tempero dos tomates e sugere um corte diferenciado para o filé.

Embora o nome seja, digamos, pomposo, uma tagliatta, ou apenas tagliata, refere-se a forma de corte da carne (conclusão tirada após alguns minutos de pesquisa no Google). De acordo com um dos maiores conhecedores de cane no mundo, István Wessel, em seu site, a tagliata pode ser feita também com coxão mole. A minha experiência foi direto com o filet mignon mesmo. Porém, como vocês verão abaixo, eu não filmei o corte final da carne. Estava com muita fome e fizemos o corte da carne direto no prato, mas não para a gravação. Eu sei, pode me chamar de burr-r-r-rico. De qualquer forma, a foto do prato está ai para vocês verem. A foto foi tirada do livro 'Carlota - Balaio de Sabores', da chef Carla Pernambuco, que comanda o restaurante Carlota. Veja o site.



- Ingredientes do filé
1kg de filé mignon limpo
sal
pimenta-do-reino, moída na hora
azeite extravirgem

- Modo de fazer o filé
Corte o pedaço do filé ao meio, no sentido horizontal, formando duas tiras compridas. Tempere com sal, pimenta-do-reino moída na hora. Aqueça bem uma frigideira antiaderente e grelhe a carne até o ponto mal-passado. Reserve, coberta com papel alumínio.
Quando os tomatinhos estiverem prontos, fatie os pedaços de filé com 0,5 cm de espessura.
Sobreponha as fatias formando um círculo com os tomatinhos no meio

- Ingredientes dos tomatinhos
3 xícaras de tomatinhos-cereja limpos, cortados ao meio
azeite extravirgem
2 colheres de sopa de açúcar
1 1/2 colher de chá de sal
1 colher de sopa de folhas de tomilho fresco bem picadas
pimenta-do-reino, moída na hora

- Modo de fazer os tomatinhos
Misture os tomatinhos com os temperos muito bem. Espalhe em uma assadeira e leve ao forno preaquecido (200°C) até que eles comecem à murchar. Reserve.

Vale ressaltar que neste dia foi a estréia da rádio on-line Hitburners. Vale a pena entrar no site e verificar a programação que vai desde musicais até comentários de futebol. Pretendo participar esporadicamente ou até quem sabe, ter um programa por lá.

domingo, 15 de agosto de 2010

Provolone à Milanesa (enviada por e-mail pela Patricia)

Fiquei muito feliz ao receber este e-mail da Patricia, pois além de me ensinar a técnica oficial para se fazer o provolone à milanesa, fez reviver em mim a vontade de fazer este petisco que, como eu falo no vídeo, é um dos meus preferidos na vida botequeira e saciou minha fome por muitos e muitos anos.

Apesar da beleza do parágrafo acima, ressalto que o vídeo possui cenas fortes! Foram tantas coisas erradas que eu fiz, obviamente, que por não seguir a receita e por descuidos que... enfim... o fim justificou os meios. Peço desculpas também pois a máquina apresentou problemas técnicos e a parte inicial e final tive que narrar, pois perdi o som, mas esta perfeitamente entendível.



Abaixo, a reprodução total do e-mail da Patricia. Atentem-se aos cuidados que ela passou:

"- Ingredientes
200 gr de provolone em cubos médios
2 unidade(s) de clara de ovo batida(s)
quanto baste de farinha de trigo
quanto baste de farinha de rosca

- Modo de fazer
Passe os cubos de provolone nas claras de ovo (escorra o excesso) e empaná-los na farinha de trigo. Após este processo, passá-los na gema e para terminar, empaná-los novamente com a farinha de rosca. Este processo fará com que os pedaços de provolone fiquem bem protegidos por dentro.
Esquente bastante óleo novo em uma panela de preferência funda, deixe-o bem quente, quente mesmo e só depois coloque os provolones para fritar (Não frite muitos de uma vez só). Quando estiverem douradinhos, escorra o excesso de óleo em papel absorvente e sirva em seguida.

Obviamente que eu não tinha um palito de fósforo para mensurar a temperatura do óleo.

Uma nota pessoal: mantenha o papel longe da boca do fogão e obrigado, novamente, Patricia.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Calda de frutas vermelhas da chef Tatiana Cardoso, do restaurante Moinho de Pedra

Depois de postar a receita do iogurte com mel, ficou faltando a receita da calda de frutas vermelhas para podermos fazer, assim, a receita completa do Iogurte com Mel e Caldas de Frutas Vermelhas da chef Tatiana Cardoso, do restaurante Moinho de Pedra.

Vocês perceberão no vídeo que usei menos frutas que a chef instrui. Reflexo do meu gosto por carnes... aliás, eu quase coloquei uma carne vermelha, pra ver se ficava bom... deve combinar, já que é tudo vermelho mesmo... e até pêssego que é amarelo pode!



- Ingredientes:
500g de framboesa congelada
1 1/2 xícara de água
1/2 xícarade açúcar demerara
1 colher, das de sopa, de maisena
1/2 xícara de morngo em pedaços
1/2 xícara de ameixa vermelha ou pêssego em pedaços
1/2 xícara de cereja ou uva vermelha sem caroço

- Modo de fazer:
Numa panela, coloque a framboesa e a água. Quando ferver, acrescente o açúcar demerara e cozinhe por 10 minutos.
Dissolva amaisena em um pouco de água fria e adicione à panela. Ferva por mais 5 minutos, mexendo. Deixe esfriar. Junte as frutas restantes e leve à geladeira.

Ultré-simples, não? Olha... esta receita vale muito a pena. Ok que o iogurte dá um trabalho relativamente grande e não rende muito, mas tu pode comprar iogurte pronto e fazer apenas o processo do escorrimento pra facilitar. Agora, sobre a calda de frutas vermelhas, não dá pra dizer que é difícil, não é?! Aguardo os comentários!